Fio...

Fio...

...Tentei segurá-lo, fiz nós, enrolei-o nos pulsos, mas acabou por fugir-me entre os dedos.

Nas mãos, ficaram apenas algumas partículas coloridas daquilo que em tempos teria sido um bonito novelo, cheio de cores vivas. Em cada cor depositei um sonho, em cada centímetro uma esperança e em cada espaço que fazia as ligações, pedaços da minha vida.

Os dias passavam inocentes e comigo trazia a segurança de um caminho bem definido, na mente as expectativas altas de quem sente com todos os sentidos e nos olhos a vontade e o desejo de ser feliz...

Mas um dia acordei com as mãos frias e suadas sem saber porquê. Estavam abertas e cheias de nada, como se nunca tivessem tido força para segurar o que quer que fosse...

O meu corpo estava, intensamente, cansado e os olhos transbordavam mais água que um rio em tempo de cheias.

Não sei o que se passou. Não consigo compreender o que aconteceu. Não o tinha planeado...

Não entendo como é que o fio me escapou por entre os dedos sem que o conseguisse agarrar.

A verdade, é que talvez o fio tenha escapado porque o novelo chegou ao fim, não havia mais voltas que pudesse dar...